Vice-chefe da diplomacia portuguesa, Francisco André, diz que atuação deve ir além de contribuições monetárias; Fórum sobre Financiamento para o Desenvolvimento apresenta estudo ressaltando impactos da crise na Ucrânia e de um possível agravamento da pandemia.
Representantes de governos, sociedade civil, setor de finanças e organizações internacionais estão reunidos até esta quinta-feira no Fórum sobre Financiamento para o Desenvolvimento, na sede das Nações Unidas.
Um dos participantes é o secretário de Estado para os Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, Francisco André. Nesta entrevista à ONU News, ele defendeu uma atuação conjunta dos países diante de crises como guerras, recuperação da pandemia e alterações de clima.
Recuperação social
O vice-chefe da diplomacia de Portugal destacou o apoio de seu país ao grupo de resposta à crise global sobre fome, energia e financiamento criado pelo secretário-geral das Nações Unidas.© Acnur/José VenturaFuncionária do Acnur recebe refugiados da Síria e do Sudão do Sul no aeroporto de Lisboa, em Portugal
“À data de hoje marcado especificamente por este conflito horrível na Ucrânia, não podemos esquecer que o ambiente internacional que vivemos é também complexo em virtude de ainda estarmos a viver uma pandemia e suas consequências. Antes dessa pandemia já vivíamos outra ameaça global que tem a ver com as consequências e com os efeitos das alterações climáticas. Portanto, o financiamento ao desenvolvimento não pode deixar de ter em conta estas três vertentes: a necessidade de promover a paz e de prevenir conflitos, de combater os efeitos das alterações climáticas e a recuperação social e económica da pandemia Covid-19, que atingiu o mundo todo como nós bem sabemos.”
Para Francisco André, o apoio internacional deve ser combinado e ir além de contribuições financeiras.
Prioridades
O evento na ONU apresentou o relatório de 60 agências e organizações internacionais que integram a Força-Tarefa Interinstitucional sobre o financiamento e desenvolvimento.
O estudo ressalta que as perspectivas económicas mundiais continuam bastante frágeis e incertas.
“É preciso que cada um dos Estados-membros também atue neste sentido, naquilo que são os seus esforços individuais. Naquilo que é sua cooperação bilateral. Coisa da qual nos orgulhamos. Portugal tem vindo a fazer, ao longo dos últimos anos, e tem vindo a fazê-lo em três ou quatro sentidos. Primeiro a apoiar, a trabalhar em conjunto e a dar prioridade àqueles que mais necessitam. Por isso é que grande parte do investimento português em matéria de cooperação vai para os países menos avançados, para os pequenos Estados insulares e para os países de rendimento médio baixo. Essa é logo uma das primeiras prioridades.”
O representante defende que os países se devem apropriar das ferramentas essenciais ao desenvolvimento. Além disso devem apoiar dar suporte ao desenvolvimento em áreas como educação e saúde.Foto: ONU News/Leda Letra.Natasha e a filha são de Kharkiv e chegaram em Portugal no dia 14 de março.
Francisco André falou sobre a guerra na Ucrânia e a ameaça de um possível ressurgimento da pandemia que afetaria o crescimento.
Crise
O relatório da ONU aponta que a crise humanitária e os efeitos econômicos do conflito na Ucrânia agravaram a oferta e pressões inflacionárias que devem levar a uma estagnação econômica em muitos países.
O estudo alerta sobre possíveis escolhas difíceis que autoridades monetárias deverão fazer em meio a um ambiente desafiador com o aumento das preocupações com a sustentabilidade da dívida.
As ameaças da inflação podem levar os governos a apertar ainda mais políticas fiscais inviabilizando o crescimento de diversas economias.
Os desafios à economia global acentuam o risco “de uma década perdida” para a sustentabilidade e desenvolvimento no mundo, que tinha sido destacado no relatório de 2021.
Fonte: ONU NEWS