Uma enfermeira conduz uma sessão de sensibilização sobre a transmissão do VIH num centro de saúde na República Democrática do Congo

Unicef/Gwenn Dubourthoumieu Uma enfermeira conduz uma sessão de sensibilização sobre a transmissão do VIH num centro de saúde na República Democrática do Congo

Mensagem do Dia Internacional de Luta contra a Aids celebra papel da sociedade civil em avanços e inovações na resposta a epidemia e pede mais apoio e financiamento; Unaids menciona exemplos de Brasil e Moçambique.

O fim da epidemia de Aids só será possível com a liderança das comunidades afetadas. Essa é a mensagem que o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, enfatiza neste 1º de dezembro.

A data marca o Dia Mundial de Luta Contra a Aids e, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, representa uma oportunidade para reforçar o apoio para grupos que estão na linha de frente do combate à doença. 

Das ruas aos tribunais

Para ele, isso significa colocar lideranças comunitárias no centro de “planos programas, orçamentos e ações de monitoramento”.   

O relatório “Comunidades Liderando”, da Unaids, ressalta a importância da mobilização comunitária, das ruas aos tribunais, passando pelos parlamentos, como um fator essencial para avanços e inovações nas políticas de resposta a epidemia.

Em entrevista para a ONU News, o assessor sênior da Unaids, Cleiton Euzebio de Lima, disse que o relatório representa ao mesmo tempo “uma celebração” do papel fundamental que as organizações e redes de pessoas vivendo com HIV/Aids desempenham e um chamado para que governos e doadores incrementem o apoio. 

Barreiras que prejudicam a sociedade civil

Ele comentou que essas comunidades têm enfrentado diversas barreiras para exercer o papel de liderança.

“Dentre os desafios apontados pelo relatório destacam-se por exemplo as leis e políticas criminalizantes e discriminatórias, o estigma e a violência contra pessoas que vivem com HIV e populações chave, que tem colocado sob ameaça o trabalho de organizações e redes que atuam para garantir o acesso a serviços de prevenção, testagem e tratamento do HIV.”

Para Lima, a falta de financiamento, a limitação de espaços de atuação da sociedade civil e, em alguns países até mesmo ataques contra essas organizações, “tem tornado impossível que elas desempenhem seu papel fundamental” de defesa de serviços e direitos. 

Exemplos inspiradores de Brasil e Moçambique

Apesar dos desafios, o especialista destaca o que considera “exemplos inspiradores da atuação incansável de ativistas e líderes comunitários”.

“Em Moçambique, a Kuyakana, uma rede nacional de mulheres com HIV tem atuado para empoderar mulheres e meninas e aumentar a conscientização sobre a prevenção do HIV. Elas também atuam junto a unidades de saúde em todo o país, identificando barreiras de acesso ao tratamento e apoiando a adesão das mulheres vivendo com HIV. No Brasil, por exemplo, o movimento de pessoas trans foi fundamental para a conquista de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que garante o direito das pessoas trans de mudarem oficialmente nos documentos seu nome e gênero sem a necessidade de uma ordem judicial.”

Uma morte por minuto

A cada minuto, uma pessoa morre de Aids. Todas as semanas, 4 mil meninas e mulheres jovens são infectadas com o HIV e, das 39 milhões de pessoas que vivem com o vírus, 9,2 milhões não têm acesso a tratamento.

A diretora executiva do Unaids, Winnie Byanyima, afirmou que “muitas vezes, as comunidades são tratadas pelos tomadores de decisão como problemas a serem gerenciados, em vez de serem reconhecidas e apoiadas como líderes”.

A OMS afirma que os grupos da sociedade civil têm moldado a resposta ao HIV/Aids por décadas. As contribuições incluem a luta contra o estigma e a discriminação, a defesa do acesso a tratamentos por preços baixos e a criação de serviços liderados pela comunidade, que colocam as pessoas afetadas no centro das decisões e intervenções. 

Fonte: ONU NEWS

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