Divulgação. - Capa do livro.
Capa do livro.

Pesquisadores brasileiros participam da publicação

Em junho de 2022 a Editora Springer lançou o livro Fungal Diversity, Ecology and Control Management, editado por V. R. Rajpal, I. Singh e S. S. Navi. A obra aborda a diversidade, ecologia e manejo de doenças fúngicas, e conta com a participação de vários pesquisadores de diferentes países, trazendo uma ampla abordagem sobre o tema.

Representando o Brasil foram convidados para escrever o capítulo Antagonistic Fungi Against Plant Pathogens for Sustainable Agriculture (Fungos antagônicos para o controle de patógenos de plantas para uma agricultura sustentável), os pesquisadores Sérgio Miguel Mazaro da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Maurício Conrado Meyer da Embrapa Soja, Claudia Regina Dias-Arieira da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Emerson Fabio dos Reis da Iowa State University e Wagner Bettiol da Embrapa Meio Ambiente

Conforme Sérgio Mazaro, o convite foi uma honra, haja visto o impacto desse livro no meio científico, e poder abordar um tema tão importante e em evidência que é o manejo de doenças em plantas, considerando os princípios de sustentabilidade.  

Para o pesquisador Wagner Bettiol a demanda pela redução de defensivos químicos e a adoção de produtos biocompatíveis, seguindo os princípios da sustentabilidade, mudou a produção de alimentos em todo o mundo. Portanto, o manejo integrado de doenças é fundamental para o caminho da sustentabilidade, sendo necessário entender a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas agrícolas para realizar o manejo integrado adequado de pragas e doenças. Nesse sentido, o entendimento das relações planta-patógeno, os efeitos do ambiente sobre essas relações e os impactos das intervenções externas no sistema produtivo precisam ser compreendidos. Esse entendimento levará ao uso racional dos insumos de forma eficaz e sustentável.

Os autores consideram que a produtividade agrícola brasileira é altamente impactada por fitopatógenos habitantes do solo, cujos problemas têm aumentado. O controle químico desses fitopatógenos apresenta inúmeras limitações, e o controle biológico, associado ao manejo do solo e da cultura, tem sido uma alternativa adequada. Nesse cenário, o desenvolvimento e o uso de biopesticidas ou bioprotetores são fatores vitais para o manejo de fungos e nematoides do solo. Entretanto, para seu melhor desempenho, é fundamental considerar o patossistema, o alvo biológico a ser alcançado, a eficácia dos agentes antagonistas e a compatibilidade no manejo integrado de pragas entre outras coisas. Todos esses tópicos estão abordados no capítulo. Além disso, durante o 42º Congresso Paulista de Fitopatologia que ocorrerá entre os dias 14 e 15 de setembro de 2022 na Embrapa Meio Ambiente, os autores do capítulo estarão apresentando detalhes do controle biológico de doenças de plantas causadas por fungos habitantes do solo. Para se inscrever clique aqui.

Fungos antagônicos – usos

O controle biológico, usado há mais de 2 mil anos, é eficaz no controle doenças de plantas, pragas e plantas invasoras, controle de pragas e doenças em animais e vetores de doenças humanas. É o método mais bem-sucedido, econômico e ambientalmente seguro.

O uso de produtos biológicos está se expandindo amplamente em todo o mundo. No Brasil, a área sob controle biológico foi superior a 30 milhões de ha, considerando as informações de 2017. Possivelmente, já ultrapassou 50 milhões de ha na safra passada.

Os dois agentes de controle biológico de doenças de plantas mais importantes no Brasil são espécies dos gêneros Bacillus e Trichoderma. Além disso, uma nova tendência foi observada: preparar formulações contendo uma mistura desses agentes de biocontrole.

Para a eficácia desses agentes, é importante o entendimento da estrutura e funcionamento dos agroecossistemas e o conhecimento detalhado dos patossistemas envolvidos, bem como a melhor forma de atingir os alvos biológicos. Associado a isso, há a necessidade do manejo integrado das culturas, pois, dependendo do manejo, os agentes de controle podem apresentar baixa eficácia. Assim, uma etapa fundamental é a integração do bioagente aos sistemas de cultivo no desenvolvimento de um agente.

O capítulo, em uma revisão recente cobrindo as principais pesquisas realizadas nos últimos 50 anos para avaliar as interações entre fungos antagonistas e fungos fitopatogênicos, apresentou aproximadamente 300 fungos antagonistas pertencentes a 13 classes e 113 gêneros, juntamente com os patógenos alvo e as doenças. Trichoderma foi identificado como o gênero com maior potencial, compreendendo 25 espécies que foram relatadas como eficazes contra vários fungos patogênicos de plantas.

Outro aspecto abordado foi a aplicação dos bioagentes associada à presença de matéria orgânica no solo, fonte fundamental de alimento para os antagonistas. Por exemplo, na soja, a associação de Pochonia chlamydosporia com palhada de braquiária reduz a população de Meloidogyne javanica em relação às plantas cultivadas apenas com a palhada. 

Fonte: Portal da Embrapa

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