De acordo com a pesquisa, muitas pessoas tentam e não conseguem migrar regularmente antes de recorrer aos contrabandistas de migrantes
© OIM/Olivia Headon – De acordo com a pesquisa, muitas pessoas tentam e não conseguem migrar regularmente antes de recorrer aos contrabandistas de migrantes

Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, alerta que repressão ao contrabando marítimo de migrantes pode levar ao aumento do uso de rotas alternativas, agravando riscos; objetivo da pesquisa é equipar os Estados-membros para melhor prevenção e combate ao crime.

Um novo estudo das Nações Unidas sobre tráfico de migrantes mostra um aumento no número de pessoas do oeste e norte da África, que estão sendo levadas por rotas marítimas da costa noroeste da África às Ilhas Canárias, pertencentes à Espanha.

Essas rotas alternativas podem ser resultado da repressão ao tráfico de seres humanos, em certos trajetos marítimos, segundo o Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Unodc.Ilhas Canárias registraram uma alta de 140% de chegadas nos primeiros oito meses de 2021 Acnur/Komi MensahIlhas Canárias registraram uma alta de 140% de chegadas nos primeiros oito meses de 2021

Fluxo do norte do Marrocos

Para a agência, as rotas alternativas agravam os riscos para as pessoas contrabandeadas pelo mar. O estudo Observatório do Unodc sobre Contrabando de Migrantes (em inglês) mostra que nos últimos meses de 2020, milhares de pessoas contrabandeadas chegaram às Ilhas Canárias em números, que não se viam na região, há mais de uma década.

A pesquisa liga esse aumento a uma diminuição do fluxo no norte do Marrocos para a Espanha na Rota do Mediterrâneo Ocidental. O documento traz evidências atualizadas sobre dados e informações sobre trajetos, aspectos financeiros, condutores e impactos do contrabando de migrantes.

O objetivo da pesquisa é equipar os Estados-membros para responderem melhor, prevenir e combater o tráfico de migrantes, além de proteger os direitos dessas pessoas.A pesquisa liga esse aumento a uma diminuição do fluxo no norte do Marrocos para a Espanha na Rota do Mediterrâneo OcidentalThe Italian Coastguard/Massimo SestiniA pesquisa liga esse aumento a uma diminuição do fluxo no norte do Marrocos para a Espanha na Rota do Mediterrâneo Ocidental

Grupos criminosos

O estudo concluiu que as respostas da justiça criminal ao contrabando nesta rota não estão surtindo o efeito desejado. As investigações e processos judiciais são frequentemente dirigidos a condutores de barcos.

No ano passado, por exemplo, cerca de 150 motoristas de barco foram presos e investigados por contrabando de migrantes e acusações relacionadas. Mas os membros de grupos criminosos que organizam o contrabando de migrantes raramente são investigados ou punidos.

Para evitar a interceptação nas viagens, os barcos navegam fora das zonas de busca e salvamento e redes de telefonia celular, e às vezes ficam presos em fortes correntes em direção ao Mar do Caribe.

Segundo a Organização Internacional para Migrações, OIM, foram mais de mil mortes ou desaparecimentos nesta rota em 2021. Entretanto, o número de mortes pode estar subestimado.Participantes durante uma interceptação simulada de um caso de contrabando de migrantes na Costa Rica. Eles foram treinados em técnicas para detectar, relatar e investigar casos de abuso e contrabando de migrantesUnodc/Jorge CarmonaParticipantes durante uma interceptação simulada de um caso de contrabando de migrantes na Costa Rica. Eles foram treinados em técnicas para detectar, relatar e investigar casos de abuso e contrabando de migrantes

Prevenção

De acordo com a pesquisa, muitas pessoas tentam e não conseguem migrar regularmente antes de recorrer aos contrabandistas de migrantes.

Para agência da ONU, uma maneira eficaz de prevenir este tipo de contrabando seria aumentar as opções de migração regular, conforme recomendado pelo Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre o Contrabando de Migrantes, no ano passado.

O Observatório de Contrabando de Migrantes do Unodc lançará novas pesquisas no próximo mês, com foco no contrabando de migrantes da Nigéria.

Fonte: ONU NEWS

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