#pracegover a foto mostra uma vista superior do Pantanal.
O Pantanal é um dos seis biomas brasileiros estudados no projeto – Foto: Pixabay

O IBGE divulga hoje (20) as “Contas de ecossistemas: resultados do projeto NCAVES no Brasil”, que compila os principais resultados de seis publicações de contas econômicas ambientais desenvolvidas com a colaboração  das Nações Unidas (ONU). As publicações reúnem indicadores que retratam alguns dos serviços dos ecossistemas brasileiros.

Por ter ecossistemas abundantes em biodiversidade e geodiversidade, considerando os seis biomas do país (Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Pampa), o Brasil foi selecionado para o projeto Contabilidade do Capital Natural e Valoração dos Serviços dos Ecossistemas (em inglês, Natural Capital Accouting and Valuation of Ecosystem Services – NCAVES). Outros países participantes foram a China, Índia, México e África do Sul.

“A publicação não traz dados inéditos. Trata-se de um compêndio de informações geradas pelo projeto NCAVES no Brasil. O projeto foi realizado em cinco países-piloto, apontados pela ONU principalmente pela diversidade de recursos naturais. No Brasil, o IBGE foi o órgão convidado para liderar o projeto. Esses países realizaram pesquisas em caráter experimental a partir de um manual com recomendações metodológicas e, após o encerramento do projeto, esse manual foi aprovado pela Comissão de Estatística da ONU, consolidando como metodologia internacional que agora será disseminada globalmente”, explica a Gerente de Meio Ambiente do IBGE, Maria Luisa Pimenta, que coordenou tecnicamente as atividades do NCAVES durante sua execução. 

Entre 2017 e 2021, o projeto acompanhou a produção das “Contas Econômicas Ambientais da Água”, das “Contas de ecossistemas: o uso da terra nos biomas brasileiros” e das “Contas de ecossistemas: espécies ameaçadas de extinção no Brasil”. Foram ainda elaboradas no âmbito do projeto, e publicadas na linha editorial de Estatísticas Experimentais, as “Contas de ecossistemas: condição dos corpos hídricos”, a “Valoração do serviço do ecossistema de provisão de água azul” e as “Contas de produtos florestais não madeireiros” e seu respectivo estudo de valoração.

A publicação divulgada hoje faz uma análise integrada e cria uma unidade entre os produtos da contabilidade ambiental, relacionando, por exemplo os resultados das conversões em áreas naturais observadas na Conta de Extensão dos Ecossistemas, por meio do recorte ecológico dos biomas brasileiros, aos demais indicadores gerados. Além de sintetizar os principais resultados do projeto, há a avaliação das aplicações das Contas Econômicas Ambientais para o monitoramento de indicadores, entre eles, os dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“Algumas das Contas de Ecossistemas geram resultados que podem alimentar os ODS. É o caso, por exemplo, das ‘Condições de corpos hídricos’, que têm relação com o Objetivo 6 (Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos)”, afirma Maria Luisa. Ivone Batista, Gerente de Contas e Estatísticas Ambientais, complementa: “O Sistema de Contabilidade Econômico Ambiental se apresenta como um marco estatístico integrado, que permite de forma sistematizada incorporar informações ambientais e econômicas na construção de indicadores.”

A pesquisadora Maria Luisa Pimenta também explica que, além de trazer ao país maior domínio sobre a contabilidade econômico-ambiental, especialmente a relacionada aos ecossistemas, o projeto permitiu ao Brasil alavancar conhecimento técnico através do debate internacional e da participação de consultores expertos na aplicação dos conceitos do System of Environmental-Economic Accounting (SEEA) no trabalho junto às equipes do IBGE.

“Antes do NCAVES, o IBGE tinha iniciativas isoladas nessa temática, como as Contas Econômicas Ambientais da Água, que foi elaborada em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA). Com a implementação do projeto, tínhamos contato constante com a Divisão de Estatísticas das Nações Unidas (UNSD) e podíamos interagir e participar de fóruns internacionais para a equipe do Brasil se aprimorar na metodologia. Foi uma troca muito rica que serviu para amadurecer o programa e ampliar parcerias, que incluem, além da ANA, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o ICMBio e o Serviço Florestal Brasileiro”, diz a gerente, acrescentando que essas parcerias técnicas ocorreram durante o projeto e vem colaborando para tornar o programa permanente.

Encerrado em dezembro do ano passado, o projeto teve colaboração da UNSD e do Programa para o Meio Ambiente da ONU (UNEP) e foi financiado pela União Europeia. No Brasil, foi desenvolvido em parceria entre a Diretoria de Pesquisas (DPE) e a Diretoria de Geociências (DGC) do IBGE. Os resultados são um marco importante para a consolidação do Programa de Contas Econômicas Ambientais do Brasil, conforme comenta a Coordenadora de Contas Nacionais e coordenadora geral do NCAVES no Brasil, Rebeca Palis.

“O Brasil tem uma característica importante para o desenvolvimento das contas econômicas ambientais que é ter a área de estatística e a área de geociências presentes no mesmo instituto, que é o IBGE. Além disso, o NCAVES ressaltou a importância do Brasil na mensuração do capital natural na medida em que foi um dos cinco países selecionados para participar do projeto”.

Estes são os estudos sintetizados na publicação:

Contas Econômicas Ambientais da Água

O desenvolvimento da segunda edição das “Contas Econômicas Ambientais da Água” buscou dar continuidade à produção e à disseminação de informações referentes ao balanço entre a disponibilidade e a demanda hídrica na economia, contemplando, além dos resultados nacionais, os por Grandes Regiões, com indicadores físicos e monetários sobre a oferta e a demanda de água no Brasil pelas atividades econômicas e pelas famílias.

Contas de uso da terra por biomas

As “Contas de uso da terra por biomas” tiveram como objetivo principal a proposição de uma análise da extensão e das conversões das áreas naturais dos ecossistemas do país e uma aproximação de seu estado de preservação geral, adotando como recorte ambiental os Biomas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal.

Contas de espécies ameaçadas de extinção

Tendo como referência principal as “Listas Nacionais de Espécies da Fauna e Flora Ameaçadas de Extinção”, as “Contas de ecossistemas: espécies ameaçadas de extinção no Brasil” apresentaram os números de espécies por categoria de ameaça, nos diferentes biomas brasileiros, buscando fornecer subsídios a avaliação do estado de conservação das espécies nos diferentes tipos de ambientes (terrestre, água doce e marinho).

Valoração do serviço de provisão de água azul

Resultados do estudo experimental sobre a valoração do serviço do ecossistema de provisão de água azul, utilizada pela atividade de captação, tratamento e distribuição de água, buscaram demonstrar o potencial de remuneração desse fator de produção, a partir das características da atividade econômica considerada.

Contas de condição dos corpos hídricos

As condições dos corpos hídricos permitiram uma avaliação experimental quantitativa e qualitativa desse recurso a partir de suas características abióticas e bióticas, permitindo assim uma abordagem da qualidade dos recursos hídricos definida a partir de uma condição saudável dos ecossistemas aquáticos.

Contas de provisão dos produtos florestais não madeireiros

As “Contas de produtos florestais não madeireiros” contemplaram a análise experimental da provisão física de 12 produtos florestais não madeireiros extraídos e quatro cultivados em culturas permanentes, abordando também a mensuração dos serviços de provisão a partir da valoração da renda do recurso ambiental.

Mais sobre a pesquisa

As Contas Econômicas Ambientais constituem um sistema de medição e análise, representado por um conjunto de dados e indicadores, que permite entender as interações entre o meio ambiente e a economia, apoiando o planejamento e a tomada de decisão para políticas públicas e empresariais.

Atualmente, estão sendo desenvolvidas, testadas ou planejadas pelo IBGE, em conjunto com instituições especializadas, as contas de água, energia, florestas (recursos madeireiros e não madeireiros), biodiversidade, ecossistemas de extensão e ecossistemas de condição. A abrangência geográfica desses estudos é nacional, com resultados divulgados para diferentes recortes territoriais.

Fonte: Portal do IBGE

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