Instituição egípcia e Embrapa firmam cooperação em áreas estratégicas de interesse bilateral

A Embrapa e o Centro de Pesquisa Agrícola (ARC) do Egito assinaram na terça-feira (10) memorando de entendimento (MoU) que abre possibilidades de desenvolvimento de pesquisas de interesse para o agro dos dois países. A instituição, vinculada ao Ministério da Agricultura egípcio, é considerada uma das mais importantes do mundo. Ela busca a adoção de tecnologias cada vez mais modernas e inovadoras que contribuam com a produtividade agrícola da região, em função da escassez de recursos naturais e da pressão populacional por alimentos. O Egito tem cerca de 107 milhões de habitantes e utiliza apenas 8% do seu território – a maior parte desértico – com atividades agrícolas.

“Temos um potencial muito grande de contribuição com o que a ciência brasileira já desenvolveu ao longo das últimas décadas”, disse o presidente Celso Moretti, que faz parte da delegação brasileira, liderada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcos Montes. O objetivo da comitiva é visitar países do Oriente Médio, África e Europa, em busca de soluções relacionadas principalmente à questão dos fertilizantes e novas oportunidades de acordos e parcerias bilaterais. A programação da delegação, que começou no último dia 6, prossegue até 27 de maio, com passagem pelo Oriente Médio, África e Europa,  e inclui negociações e abertura de oportunidades de cooperação científica e intercâmbio com países detentores de tecnologia na área de fertilizantes, entre outras.

Segundo o presidente da Embrapa, as tecnologias de irrigação estão entre as principais áreas beneficiadas pelo acordo assinado com o ARC. “Os produtores egípcios ainda usam métodos considerados antigos para garantir o abastecimento de água às áreas produtoras”, explicou. Ele refere-se particularmente à irrigação por meio de sulcos em terrenos arenosos, cujo aproveitamento é insuficiente para as necessidades das plantações. Pelo MoU, está prevista cooperação nas áreas de melhoramento genético, sanidade animal e vegetal, biotecnologia, agricultura digital, mudanças climáticas, irrigação e manejo da água e intercâmbio de pesquisadores.

“Em novembro deste ano, em Sharm el-Sheikh, o Egito será a sede da próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP27) e haverá uma oportunidade única para fortalecer a questão agrícola na pauta das discussões, como um fator prioritário frente aos cenários do futuro”, comentou o presidente. Segundo ele, os encontros anteciparam a definição de uma agenda comum.

Moretti foi convidado a visitar a instituição e conhecer o trabalho desenvolvido por mais de 10 mil empregados, em 32 estações de pesquisa no território egípcio.

Foco em fertilizantes

A programação da comitiva teve uma das primeiras atividades no Centro Nacional de Pesquisa Agrícola (NARC), considerado o braço científico do Ministério da Agricultura da Jordânia e a única instituição governamental especializada em pesquisa agrícola em nível nacional. A sede do NARC está localizada em Ain Al-Basha, na província de Al-Balqa, de onde são supervisionados a Estação de Pesquisa Agrícola Al-Hussein, oito centros e 14 estações de pesquisa, cobrindo os diversos ecossistemas da Jordânia de acordo com a distribuição climática.

“Estão previstos encontros importantes com empresários, autoridades e comunidade científica de áreas de extremo interesse para o Brasil, no momento em que se consolida esforço coletivo voltado à redução dos impactos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia sobre o mercado de fertilizantes”, afirmou Moretti. Segundo ele, os contatos previstos são uma oportunidade para que a pesquisa agropecuária brasileira reforce seu protagonismo e importância.

Outra agenda foi  relacionada à busca por alternativas em fertilizantes. “Tivemos a oportunidade de conhecer a área de extração de potássio do Mar Morto”, relatou o presidente. “A partir daí vamos avaliar conjuntamente as condições de negociação nessa busca por mais fertilizantes que contribuam com a produção agrícola brasileira, garantindo mais segurança alimentar”, completou. Durante o encontro, a delegação recebeu a notícia de que a empresa poderá aumentar as exportações de potássio para o Brasil.

Segundo o CEO da empresa, Maen Nsour, em cinco anos o total enviado ao Brasil poderá chegar a 1,2 milhão de toneladas. “Essa visita é um indicativo de que vamos construir uma relação estratégica de longa duração, por causa da importância do Brasil na segurança alimentar da humanidade”, destacou. Ainda em 2022, a empresa deve exportar 320 mil toneladas de potássio para o Brasil. A Jordânia é o sétimo maior produtor mundial de potássio.

O ministro Marcos Montes ressaltou a qualidade do fertilizante produzido pela empresa, que planeja abrir um escritório no Brasil para facilitar as negociações com os importadores brasileiros.

As operações da APC estão localizadas 110 km ao sul de Amã, onde a companhia produz quatro tipos de potássio: padrão, fino, granular e industrial. O embaixador do Brasil em Amã, Ruy Amaral, também participou da visita.

A agenda da missão oficial  incluiu também uma visita oficial, nesta quinta-feira (12), à OCP, a maior empresa de fosfato do planeta. A empresa explora o fosfato marroquino que conta com mais de 50 bilhões de toneladas, cerca de 70% das reservas mundiais. ” A visão de futuro apresentada pela empresa encontra total sinergismo com as metas do Brasil para a sustentabilidade e segurança alimentar. Além disso, o CEO da empresa assegurou ao ministro Marcos Montes a intenção de investir no Brasil e colaborar com o Plano Nacional de Fertilizantes”, explicou o presidente da Embrapa. De acordo com o gestor, a  Embrapa e a UM6P, importante universidade do Marrocos estão discutindo várias estratégias para avançar com tecnologias agrícolas em ambos os países, incluindo a utilização de bioinsumos em complementação ao uso dos fertilizantes clássicos.

O Brasil importa cerca de 85% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de aproximadamente 95%. O Brasil é o quarto consumidor e, em 2021, as importações brasileiras de fertilizantes foram superiores a 41 milhões de toneladas, o que equivale a mais de US$ 14 bilhões.

Articulações e assinatura de novo acordo

Na segunda etapa da viagem, de 13 a 19 de maio, a delegação cumpre agenda em Israel, onde também estão programados encontros com autoridades do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MOAG) e da Faculdade de Agricultura, Alimentos e Meio Ambiente (Universidade Hebraica de Jerusalém). Em Haifa, a comitiva será recebida no Centro de inovação FoodTech, da Technion, uma das mais prestigiadas universidades de Israel focadas em ciência e desenvolvimento tecnológico.

A programação prossegue no Centro de Inovação Kineret, localizado no Vale do Jordão, ao sul do Mar da Galileia. O objetivo é conhecer um dos principais hubs de inovação de Israel em agricultura, água e sustentabilidade. No KIC Kinneret Innovation Center, está programada reunião sobre inteligência em tempo real em áreas e instalações rurais.

Na capital do país, Tel Aviv, o grupo visita a GrowingIL e a DesertTech, que desenvolvem tecnologias em agricultura, irrigação, sustentabilidade e energias alternativas em regiões áridas, e segue para Jerusalém para conhecer um dos principais órgãos que fomentam o investimento em projetos de inovação em etapa de pesquisa e desenvolvimento em Israel. O Israel Innovation Authority (IIA) é também o parceiro da Embrapii e da Apex Brasil no projeto Tech Makers, que promove investimentos em iniciativas desenvolvidas em parceria por startups brasileiras e israelenses, incluindo o setor de agtechs. Também estão na pauta da agenda encontros relacionados às áreas de pescados e exportações da agroindústria.

No dia 18, Moretti deve assinar memorando de entendimento entre a Embrapa e a organização de pesquisa agrícola Volcani Center, com o objetivo de desenvolver projetos de interesse comum.

A última fase da missão internacional será na Europa, entre 21 e 27 de maio, quando o presidente participará de diálogos sobre a sustentabilidade da agricultura brasileira, na abertura da Agritalks, em Madri, no painel “Soluções inovadoras para desafios de segurança alimentar e sustentabilidade”. Estarão presentes também o secretário do Mapa Fernando Camargo e o diretor de projetos do Instituto de Cooperação Interamericana para a Agricultura (IICA), Fernando Schwanke.

Em Berlim, na Alemanha, Moretti participa de painel sobre tecnologias para mitigação das emissões de carbono da produção agropecuária, e em Roma (Itália), tem presença confirmada no painel “Inovações na produção agropecuária: soluções para combater as mudanças do clima”, com a participação do diretor-executivo do Conselho de Pesquisa e Economia Agrária da Itália, Stefano Vaccari.

Fonte: Portal da Embrapa

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