Exemplos positivos de Moçambique, Brasil e Timor-Leste revelam como a juventude está tomando as rédeas do setor; contexto global é preocupante, com queda de jovens trabalhando em sistemas agroalimentares e aumento da insegurança alimentar entre o grupo. 

Os sistemas agroalimentares estão diante de uma série de desafios como produção de alimentos para uma população em crescimento, envelhecimento da força de trabalho, impactos da crise climática, escassez de água e urbanização.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, divulgou nesta quinta-feira um relatório que investiga o papel da juventude na busca por soluções.

Projeto de restauração de manguezais do Pnuma em Moçambique

Henriques Balidy Projeto de restauração de manguezais do Pnuma em Moçambique

Agricultura no currículo escolar em Moçambique

A insegurança alimentar nessa faixa etária aumentou de 16,7% no período de 2014 a 2016 para 24,4% no período de 2021 a 2023, afetando especialmente os jovens na África.

Além disso, a agência alerta que a parcela de jovens que trabalham nos sistemas agroalimentares diminuiu de 54% em 2005 para 44% em 2021, o que revela a necessidade por ações que gerem mais oportunidades no setor.

O documento  menciona o exemplo positivo de um projeto da FAO em Moçambique, chamado Junior Farmer Field, que integra a agricultura no currículo da escola primária.

Essa exposição precoce tem despertado o interesse das crianças em carreiras nos sistemas agroalimentares e contribuído para criar uma geração de profissionais qualificados.

Por outro lado, o país sofre com a ameaça dos confrontos armados, que abalam a produtividade. A FAO ressalta que conflitos de alta intensidade durante o período da guerra civil corroeram instituições locais que protegiam o direito à terra, tornando estas áreas propensas à expropriação mesmo no período de paz.

Economia circular do cacau no Brasil

A FAO acredita que os jovens têm um papel fundamental na transformação dos sistemas agroalimentares, introduzindo práticas inovadoras.

Um dos exemplos vem do Brasil. A iniciativa Elixir Foods, uma empresa liderada por jovens, transforma resíduos de cacau em um adoçante de alto valor.

A estratégia consiste em estabilizar o mel de cacau, um subproduto anteriormente descartado, utilizando energia solar e sensores digitais.

A iniciativa reduz o desperdício de alimentos e aumenta a disponibilidade de adoçantes menos processados, além de representar um modelo inovador baseado na lógica da economia circular.

Mulher colhe cacau em projeto no Brasil

Organização para a Conservação da Terra (OCT) Mulher colhe cacau em projeto no Brasil

Destaque para a juventude timorense

Timor-Leste aparece no relatório como um exemplo notável de alta titularidade de terras nas mãos de jovens. Mais de 75% das mulheres e 85% dos homens são proprietários.

A FAO reconhece ainda o papel da juventude indígena timorense no esforço de monitorar e sustentar a pesca tradicional e práticas sustentáveis, em conjunto com os mais velhos e com o governo.

Recomendações

Quase 85% dos jovens do planeta vivem em países de renda baixa e média-baixa, onde os sistemas agroalimentares são essenciais para a subsistência.

A FAO aposta nesse grupo como os principais agentes de mudança no setor. Para isso, a agência defende mais capacitação, investimentos em infraestrutura para tornar as carreiras agroalimentares mais atraentes e esquemas de terra e crédito voltados para a juventude.

Outras recomendações incluem apoiar caminhos de migração seguros para lidar com a escassez de mão de obra e expandir o acesso à tecnologia digital, permitindo que jovens agricultores modernizem práticas e se conectem com os mercados.

Fonte: ONU NEWS

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