Estudo que combina informações sobre a estrutura do vírus e a mobilidade humana foi publicado na revista Science

Duas bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) participaram de estudo internacional sobre a disseminação do coronavírus no Brasil.  A pesquisa combinou dados do genoma do vírus — informações sobre a composição  de sua estrutura —e de mobilidade humana. Assim, identificou que o agente causador da COVID-19 chegou ao país entre 22 de fevereiro e 11 de março por mais de 100 locais diferentes, em cidades como São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG). A maior parte (76%) veio da Europa. A revista Science, referência mundial na comunidade acadêmica, publicou o artigo.

Os pesquisadores sequenciaram 427 genomas de amostras coletadas em 85 municípios das cinco regiões do país para analisar a epidemia no Brasil. A bolsista da CAPES Giúlia Ferreira, mestranda da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ajudou nessa fase do projeto. Ela está desde março na Universidade de São Paulo (USP) para dar seguimento a uma pesquisa sobre dengue. Ela tem atuado em um laboratório do Instituto de Medicina Tropical (IMT), mesmo local do trabalho sobre o coronavírus. Como as atividades eram semelhantes, ajudou no estudo. “Mostrando como o vírus viajou e se alterou no Brasil, damos informações a outras linhas de pesquisa no combate à pandemia”, observa.

O trabalho teve uma ramificação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde foram sequenciados 66 dos 427 genomas. A bolsista Mariene Amorim, doutoranda do programa de pós-graduação em Genética e Biologia Molecular da instituição, participou. “Concluímos que o genoma deve ser associado à mobilidade das pessoas e que as medidas de isolamento adotadas não foram suficientes”, afirma. A publicação ajudará na sua própria pesquisa de doutorado, na qual analisa casos de Campinas e arredores para avaliar como as mutações do vírus estão relacionadas às gravidades dos casos.

O estudo teve origem no Centro de Genômica e Epidemiologia de Arbovírus, uma parceria entre as Universidades de São Paulo e de Oxford, na Inglaterra. O trabalho ganhou proporções maiores com o desenrolar da epidemia. Ao todo, participaram 78 pesquisadores, de mais de 15 instituições brasileiras e britânicas. “O trabalho de sequenciamento deve ser contínuo e tem sido feito em todo o mundo. Realizamos uma significativa contribuição sobre a situação em nosso país”, afirma Ester Sabino, professora do IMT e coordenadora do projeto.

Fonte: Portal do MEC

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *